Veja por que a substituição das apresentações de slides por narrativas pode ser muito mais eficiente para o desempenho dos negócios

Há anos as apresentações de slides foram banidas das reuniões na Amazon. Nos domínios de Jeff Bezos, o uso do PowerPoint ou de programas similares foi substituído por memorandos de seis páginas com estrutura narrativa.

No início de cada reunião, todos os participantes leem em silêncio o documento elaborado por um dos funcionários e só depois começam a discutir os pontos apresentados.

Na época, Bezos ponderou que quando uma pessoa tem que escrever suas ideias em frases e parágrafos completos ela é forçada a ter maior clareza de pensamento e oferece à audiência mais informação do que simplesmente os pontos principais, como nos slides de uma apresentação em PowerPoint.

Recentemente, o fundador e CEO da Amazon voltou a mencionar essa regra interna na carta anual aos acionistas com grande repercussão nos meios de comunicação e nas redes sociais.

O orador, conselheiro de comunicação e autor Carmine Gallo aproveitou essa volta ao tema para listar para a Inc. Três razões pelas quais acredita que a decisão de Bezos está correta.

1 – Cérebros são movidos por narrativas
Segundo a antropologia, o controle sobre o fogo foi um marco na história da humanidade não apenas porque os homens começaram a cozinhar seus alimentos, mas também porque reunirem-se em volta da fogueira e começaram a contar histórias, e essas histórias serviam como instrução, alerta e inspiração.

Os experimentos da neurociência confirmam a tese de que o cérebro humano está preparado para narrativas. É por meio delas que processamos o mundo e conversamos. As histórias, e não os tópicos de uma lista, também nos ajudam no processo de lembrança e retenção de informações.

2 – As histórias são persuasivas
Para que um argumento tenha poder de convencimento, Aristóteles, o pai da retórica, afirmava que ele tinha que ter uma combinação de três elementos ou apelos: ethos, logos e pathos. O primeiro está relacionado ao caráter e à credibilidade de quem fala. O logos é a invocação da lógica. O pathos, por sua vez, é o apelo da emoção.

Os neurocientistas defendem que a emoção é a caminho mais rápido para o cérebro. Ou seja, se você quer espalhar uma ideia, a história é a melhor maneira de transmiti-la a outras pessoas.

Bezos, por exemplo, diz ser um fã de anedotas nos negócios e que, para ele, as histórias que os clientes contam nos e-mails são, muitas vezes, mais perspicazes do que os dados de que sua empresa dispõe. “Quando as anedotas e as métricas discordam, as anedotas geralmente estão certas”, disse ele em um fórum de lideranças, demonstrando que entende que a lógica deve estar casada com as emoções para ser bem-sucedida.

3- Bullet points não são eficientes
Uma lista de pontos principais não inspira. Uma narrativa, sim. É por isso que Jeff Bezos, Elon Musk, Richard Branson, Sundar Pichai  e a maioria dos grandes oradores não elencam pontos principais (ou bullet points, em inglês) em seus discursos.

O cérebro humano não está preparado para reter informações apresentadas na forma de tópicos em um slide. Se for lançar mão de apresentações, Gallo sugere o uso de fotos, porque o cérebro retém melhor as imagens do que as palavras de um texto.

Bezos sabe do poder da narrativa. Gallo acredita que todo empreendedor deveria estar mais atento a esse aspecto também. “As histórias informam, iluminam e inspiram, e isso é tudo o que os empreendedores se esforçam por fazer.”

 

Fonte: revistapegn.globo.com